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segunda-feira, 29 de julho de 2019

TROVINHAS EM MINEIRÊS


                                                             TROVINHAS EM MINEIRÊS

                                                                    Marco Aurélio Chagas



Troquei com ele essa enxada
a troco d´outra mió
pra mode vê si funciona
ou então fica pió

Dá o biscoito pra ele!
Senão ele fica aguado
isso acontece dimais.
Pode estar despreocupado.

Zé ocê viu o que chegou,
um caminhão arroiado
de gente inté na buleia,
tava um trem desajeitado.

Ocê viu os bacuris
fizeram uma arruaça.
Cumpadre isso não tem base!
Foi um aranzé sem graça.

De butuca o tempo todo,
O Mané ficou ali,
esperando acontecer
a aparição do Saci.

Nóis cá num vai nessa festa.
Tem ali outra mió,
lá na casa do Bituca.
Quem não for é um bocó!

Zé, que qui cê tá caçano?
- minha garrafa de pinga.
- tá debaixo da caçamba,
perto da mesa da binga.

Juca tá com bonitinha
é um trem de amargá
dá uma coceira danada
é difícil de aguentá

Zezinho pegou cobreiro,
lá pras banda do arrozal.
Ele crama o tempo inteiro.
Sofre que nem animal.

Um dedo de prosa é bão
quando é fé o tempo passa
e a gente nem dá notícia,
ri, papeia e acha graça.

Êta menino custoso!
Tá difícil de aguentá.
E nem a mãe dele guenta.
É um bacuri de amargá.

Seu Zezé não faz desfeita.
Cê num vai tomar o café?
Aproveita e toma um gole
e vai embora de a pé.

Toma cuidado João
ele vai embrulhar ocê
esse sujeito é o diabo
credita em mim pro cê vê!

Ocê é um João grandão
pra passar naquela porta
sô! ocê tem que morgar
e só isso é que importa.

Juquinha cê já tomô,
larga tudo e vai tomá,
o maneco com jaleco,
pras coisa num piorá.

Cume que vai o compadre?
- Lá eu já vou pelejano,
faz dia que estou perrengue,
acho que estou piorano.

Escutou aquele berro?
é o bezerro que sumiu!
Põe sentido, Severino,
bem cedinho ele fugiu.

Contar potoca eu num gosto,
tou dizeno pra ocês,
não jogo conversa fora,
não falo disso outra vez.

Êta que moça bonita!
Na Fé de Deus inda caso
com ela e vou logo embora
e não faço pouco caso.

Passa pra mim o cascaio
pr’eu pagá o Zé da venda,
assim acerto com ele
o pedido da encomenda.

O Zé tava trabaiano
e sofreu um acidente,
chamou a pá no joelho,
caiu e quebrou dois dente.

Na varanda eu sentei
quando um pouco ele chegou,
cumprimentou da porteira
nem do cavalo apiou.

Paulinho roubou pitanga
lá no quintal do Seu Mouro
esse muleque é levado,
tá precisando é de couro!

Quando eu cheguei lá no bar
tava uma inana danada,
cadeira em pandareco
e só garrafa quebrada.

O Zeca é papiateiro,
é um contador de lorota.
Ele sempre conta prosa.
Nossa! que cara marmota!

O quê que ele tá fazendo
lá naquele cafundó?
Fica lá quentando o sol
o di interin que faz dó!

Zé de Fina cria uns porco
disse que é só pra despesa.
Ele não vende, nem troca,
fica lá só de beleza.

João, aumento o seu salário,
disse o seu Pedro da venda,
mas tem que fazer por onde.
Espero que ocê intenda.

                ***