A VIDA
Marco Aurélio Chagas
O páramo ou a estepe,
a vida não pode ser,
em cujos confins imensos
devemos, sim, nos perder.
É preciso fazer dela
um lugar pleno de encantos
e de cores da aquarela
e não um vale de prantos.
EXCESSOS DE ILUSÃO
O entusiasmo que surge
de uma esperança não deve
ser inflado por excessos
de ilusão, porque não serve.
A EQUANIMIDADE
É o sentido da justiça
e a medida sempre exata
com que se pode ajuizar
os valores bem opostos.
O CONTEÚDO DA VIDA
O conteúdo da vida
é feito de atividade,
devendo ser bem provado,
em toda e qualquer idade.
A SOBERBA
A soberba é a mente
embriagada de ficção,
do instinto, o absolutismo;
reverso da compaixão.
ASSEIO
Sede esmerados no trajar
e no pensar, pois haverá
mui limpeza em vossa conduta
e padecer evitará.
AMOR À VIDA
Sentir a vida intensamente,
experimentar com vigor
a realidade do existir
é encará-la com amor.
O TEMPO
O tempo fantasmagórico
que angustia e agita,
nada tem a ver com o autêntico,
que por sobre nós gravita.
SABER ESPERAR
Cada coisa requer tempo
e é bom saber esperar,
pra que os projetos não venham
fatalmente a malograr.
FRAQUEZA
É uma fonte tributária
do instinto, com certeza,
a debilidade ou
a tal chamada fraqueza.
A MORTE
A morte é indiferente
a tudo, e não há clemência;
assemelha-se ao mutismo
da tumba, em sua essência.
EXCESSO DE PALAVRAS
Soa vazio o excesso
de palavras, eis então
o cuidado que se tem
em falar com concisão.
E que ninguém toma a sério,
aquele que muito fala.
Por vezes é mais prudente
não incomodar c´a charla.
RANCOR
É uma exsudação mental
cujos tóxicos provocam
constante envenenamento
psíquico que nos chocam.
FALCÕES DA DIALÉTICA
Os falcões da dialética
política, social
ou então religiosa,
com vigor descomunal,
que atordoando as mentes
em vôos da imaginação
vão apanhar suas presas,
as eleitas de antemão.
EM JOÃO PESSOA
É na orla de João Pessoa,
murada do calçadão,
onde as ondas vão bater,
em intensa profusão.
CAPITAL DA MALÁSIA
Parques e largas avenidas
compõem esse lindo cenário
da capital Kuala Lumpur,
ao ser vista em qualquer horário.
A ILUSÃO
Um véu mágico e esplendoroso
que oculta com muita amplidão
a tão real face das coisas
não é outro que a ilusão.
O ISOLAR-SE
É um erro o isolar-se
cuja persistência leva
a lamentáveis extremos
de misantropia serva.
ACASO
Sob o fascínio do acaso
chega a tudo arriscar,
sem pensar nas consequências.
Não se pode confiar.
CONFIAR
Devemos tudo esperar
da própria capacidade,
confiando em si mesmo;
Real possibilidade.
LIBERDADE/RESPONSABILIDADE
Não se concebe a liberdade
e nem se exerce cabalmente
se a tal responsabilidade
não a acompanha, certamente.
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