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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

ARRAIAL DOS PAPUDOS,poema de meu bisavô, LEONCIO FRANCISCO DAS CHAGAS

ARRAIAL DOS PAPUDOS

Percorrendo escritos de família, encontrei, dentre tantos, um poema de meu bisavô, datado de 18 de fevereiro de 1897, intitulado: 

“BELLO - HORIZONTE”,


um verdadeiro achado histórico que convém aqui ser transcrito fielmente, conservando a grafia da época:


                                  “Quem namorar ao papudo 


                                   Volta a cara, fecha os olhos, 


Jamais deve se queixar


 Deixa o papo brazonar. 


(Rifão)


Avante, Bello Horizonte,


Eu te bem digo, Courral,


Não D’el Rei, mas da republica


Florescente – Capital.



Naquelles tempos passados


Inda hoje há o rifão,


Dos bócios que lá formavam


As notas do rabecão.



Nunca pensaste que um dia,


Mais tarde, dia fagueiro,


Foste coroada de louro


Pelo congresso Mineiro.



Foste escolhida e approvada


N esse torrão colossal,


Para gloria dos mineiros


Esplendissima – Capital.



Vais attrahir muita gente


Outras bem longe de ti


Não te querem, pois adoram


As torres do Itaculumy.



Eu te lamento, penhasco,


Despresado e altaneiro!


Hoje vão outros cantar,


Mas tu cantaste primeiro!



Despresa-se a velha honesta


Pela moça jovial


Assim fez o nosso Estado


Transportando a Capital.



Avante, Bello – Horizonte,


Segue em paz, caminha além


Tu vais ser o paraíso


Da mocidade que vem.



                                    ***


O autor desses versos foi o Professor LEONCIO FRANCISCO DAS CHAGAS, poeta, professor, compositor e maestro de banda.



Deixou um livro manuscrito à tinta nanquim, sob o título “CANTOS DE SAUDADE, DIVIDIDO EM TRÊS PARTE GLORIOSA, AMOROSA E DOLOROSA”, de grande valor histórico e poético, cantando a sua história de vida e a de seu cotidiano.



Viveu no Século passado em Oliveira e Lamim e seu trabalho abrange o período de 1879 a 1900. 



Contém testemunhos, em poemas escritos por ocasião dos fatos históricos vividos por ele (foi testemunha ocular da história) intitulados “OSORIO”, datado de outubro de 1879. “O BRAZIL EM CRISE”, datado de novembro de 1884. “CÔRÔA DE SAUDADE”, em homenagem ao vulto Dr. Bernardo Guimarães, datado de 05 de fevereiro de 1885. “HYMNO”, cantando a “Província Mineira”, datado de 01 de junho de 1887. “A ABOLIÇÃO”, datado de 05 de dezembro de 1887. “A GLÓRIA DA ABOLIÇÃO”, datado de 07 de julho de 1888. “ALMA DO TIRA-DENTES”, datado de 23 de julho de 1889. “A REVOLTA”, referindo-se à República, datado de 29 de novembro de 1889. “MINAS E ESPÍRITO SANTO”, alusivo à união desses Estados, datado de 27 de setembro de 1893. “GLORIA DA REPUBLICA”, datado de 02 de abril de 1894. “FIM DO SÉCULO”, datado de 06 de agosto de 1894. “AO MARECHAL FLORIANO PEIXOTO”, datado de 18 de julho de 1895. “O BRAZIL E BRAZILEIROS”, datado de 27 de outubro de 1895. “FALLECIMENTO” de Joaquim Tavares Coimbra, datado de 05 de abril de 1896. “LUTA NOS SERTÕES DA BAHIA”, datado de 08 de maio de 1897. “A ESTRELLA DO BRAZIL”, datado de 13 de julho de 1897. “GLORIA DA REPUBLICA”, datado de 01 de agosto de 1897 e “FINANÇAS”, datado de 15 de janeiro de 1898. 



Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas

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