TROVINHAS EM MINEIRÊS
Marco Aurélio
Chagas
Troquei com ele essa
enxada
a troco d´outra mió
pra mode vê si
funciona
ou então fica pió
Dá o biscoito pra
ele!
Senão ele fica
aguado
isso acontece
dimais.
Pode estar
despreocupado.
Zé ocê viu o que
chegou,
um caminhão
arroiado
de gente inté na
buleia,
tava um trem
desajeitado.
Ocê viu os bacuris
fizeram uma arruaça.
Cumpadre isso não
tem base!
Foi um aranzé sem
graça.
De butuca o tempo
todo,
O Mané ficou ali,
esperando acontecer
a aparição do
Saci.
Nóis cá num vai
nessa festa.
Tem ali outra mió,
lá na casa do
Bituca.
Quem não for é um
bocó!
Zé, que qui cê tá
caçano?
- minha garrafa de
pinga.
- tá debaixo da
caçamba,
perto da mesa da
binga.
Juca tá com
bonitinha
é um trem de amargá
dá uma coceira
danada
é difícil de
aguentá
Zezinho pegou
cobreiro,
lá pras banda do
arrozal.
Ele crama o tempo
inteiro.
Sofre que nem
animal.
Um dedo de prosa é
bão
quando é fé o
tempo passa
e a gente nem dá
notícia,
ri, papeia e acha
graça.
Êta menino custoso!
Tá difícil de
aguentá.
E nem a mãe dele
guenta.
É um bacuri de
amargá.
Seu Zezé não faz
desfeita.
Cê num vai tomar o
café?
Aproveita e toma um
gole
e vai embora de a
pé.
Toma cuidado João
ele vai embrulhar
ocê
esse sujeito é o
diabo
credita em mim pro
cê vê!
Ocê é um João
grandão
pra passar naquela
porta
sô! ocê tem que
morgar
e só isso é que
importa.
Juquinha cê já
tomô,
larga tudo e vai
tomá,
o maneco com jaleco,
pras coisa num
piorá.
Cume que vai o
compadre?
- Lá eu já vou
pelejano,
faz dia que estou
perrengue,
acho que estou
piorano.
Escutou aquele
berro?
é o bezerro que
sumiu!
Põe sentido,
Severino,
bem cedinho ele
fugiu.
Contar potoca eu num
gosto,
tou dizeno pra ocês,
não jogo conversa
fora,
não falo disso
outra vez.
Êta que moça
bonita!
Na Fé de Deus inda
caso
com ela e vou logo
embora
e não faço pouco
caso.
Passa pra mim o
cascaio
pr’eu pagá o Zé
da venda,
assim acerto com ele
o pedido da
encomenda.
O Zé tava trabaiano
e sofreu um
acidente,
chamou a pá no
joelho,
caiu e quebrou dois
dente.
Na varanda eu sentei
quando um pouco ele
chegou,
cumprimentou da
porteira
nem do cavalo apiou.
Paulinho roubou
pitanga
lá no quintal do
Seu Mouro
esse muleque é
levado,
tá precisando é de
couro!
Quando eu cheguei lá
no bar
tava uma inana
danada,
cadeira em pandareco
e só garrafa
quebrada.
O Zeca é
papiateiro,
é um contador de
lorota.
Ele sempre conta
prosa.
Nossa! que cara
marmota!
O quê que ele tá
fazendo
lá naquele cafundó?
Fica lá quentando o
sol
o di interin que faz
dó!
Zé de Fina cria uns
porco
disse que é só pra
despesa.
Ele não vende, nem
troca,
fica lá só de
beleza.
João, aumento o seu
salário,
disse o seu Pedro da
venda,
mas tem que fazer
por onde.
Espero que ocê
intenda.
***
Nenhum comentário:
Postar um comentário